Quase


Ainda pior que a convicção do não,
E a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda,
Que me entristece,
Que me mata trazendo tudo
Que poderia ter sido e não foi...

Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase morreu está vivo,
Quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades
Que escaparam pelos dedos,
Nas hipóteses que se perdem por medo,
Nas ideias que nunca sairão do papel
Por essa maldita mania de viver no Outono…

Pergunto-me, às vezes,
O que nos leva a escolher uma vida morna...

A resposta eu sei de cor,
Está estampada na distância
E frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos "Bom dia"
Quase que sussurrados…

Sobra covardia
E falta coragem até para ser feliz!

A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai...

Talvez esses fossem
Bons motivos
Para me decidir
Entre a alegria e a dor…

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados
E o arco-íris em tons de cinza…

O “nada” não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio
Que cada um traz dentro de si...

Não é que fé mova montanhas,
Nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
Para as coisas que não podem ser mudadas
Resta-nos somente paciência,
Mas,
Preferir a derrota prévia
À dúvida da vitória
É desperdiçar a oportunidade de merecer…

Para os erros…
Há perdão,
Para os fracassos…
Tentativa,
Para os amores…
Tempo.

De nada adianta
Cercar um coração vazio
Ou economizar a alma.

Um amor
Cujo fim é instantâneo ou indolor
Não é amor...

Não deixes que a saudade sufoque,
Que a rotina se acomode,
Que o medo impeça de tentares...

Desconfia do destino e acredita em ti…

Gasta mais horas
A realizar do que a sonhar,
A fazer do que a planear,
A viver do que a esperar…

… embora,
Quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.

Desconheço o autor deste texto é mas poderia sê-lo eu, pois descreve o meu estado.

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